No mundo da pecuária, a qualidade genética do rebanho é um dos fatores mais cruciais para o sucesso de uma operação. Um dos pilares dessa qualidade é a escolha cuidadosa dos touros utilizados na reprodução. No entanto, quando touros sem procedência genética são introduzidos no rebanho, os impactos negativos podem ser duradouros, deixando um legado de prejuízo econômico e genético. No Brasil estima-se que 29 milhões de vacas em idade reprodutiva ainda são cobertas por touros sem procedência. Neste artigo, vamos explorar como a falta de critério na escolha dos touros pode afetar os índices de prenhes, os intervalos entre partos e o peso dos animais, comprometendo o desempenho do rebanho.
Redução nos Índices de Prenhes
Touros sem procedência genética confiável muitas vezes não possuem registros detalhados de suas linhagens e históricos reprodutivos. Isso pode levar a uma maior incerteza quanto à capacidade desses animais de transmitir características desejáveis para sua progênie. Como resultado, os índices de prenhes podem ser afetados negativamente.
Fêmeas que são acasaladas com touros de qualidade genética desconhecida podem ter uma taxa de concepção inferior, o que significa que menos animais serão produzidos a cada estação de monta. Isso resulta em uma diminuição da produtividade do rebanho e, consequentemente, em perdas financeiras.
Aumento dos Intervalos entre Partos
Além da redução na taxa de concepção, o uso de touros sem procedência genética pode levar a intervalos mais longos entre partos. Isso ocorre porque, quando os touros não possuem características genéticas favoráveis comprovadas, a probabilidade de a progênie também não as ter é maior. Como resultado, o tempo necessário para criar um animal pronto para o mercado pode ser estendido.
Intervalos mais longos entre partos significam que o ciclo de produção da fazenda se torna menos eficiente, e a capacidade de atender à demanda do mercado é comprometida. Isso impacta diretamente o retorno financeiro do produtor.
Redução no Peso dos Animais
Outro aspecto importante a ser considerado é o peso dos animais produzidos por touros sem procedência genética confiável. Os touros de qualidade inferior podem transmitir genes que resultam em animais com menor potencial de crescimento e ganho de peso. Isso afeta diretamente o valor de mercado do gado produzido.
Animais mais leves e com estrutura de carcaça não desejável têm menos valor comercial, o que significa que os produtores receberão menos dinheiro por cada animal vendido. Além disso, esses animais também podem exigir mais tempo e recursos para atingir o peso desejado, aumentando os custos de produção.
Conclusão
O uso de touros sem procedência genética no rebanho pode deixar um prejuízo genético que pode ser transmitido por gerações. Isso significa que os problemas genéticos introduzidos por touros de baixa qualidade podem persistir e afetar o rebanho por anos a fio. Os impactos negativos nos índices de prenhes, nos intervalos entre partos e no peso dos animais podem ser significativos, comprometendo a lucratividade da operação pecuária.
Portanto, é fundamental que os produtores façam escolhas cuidadosas na seleção de touros, priorizando aqueles com uma procedência genética comprovada e que estejam alinhados com os objetivos de melhoramento genético da fazenda. Dessa forma, é possível garantir um rebanho saudável, produtivo e economicamente viável a longo prazo.
Por Alexandre Bispo
Economista e Pecuarista